Capital de Risco: é "coisa" de Mulher?

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Olá! Bem-vindo(a) a 3ª edição de Descobrindo o Venture Capital!

Pam e Gi aqui 😄 

Como a vida não é composta por um único painel, nos últimos 15 dias…

A advocacia nos manteve bastante ocupadas, com algumas rodadas de VC fechando, em especial no early-stage, refletindo a dinâmica do mercado de venture capital.

Apesar da correria, escrevemos este texto com um grande sorriso no rosto e o coração quentinho de satisfação 😄❤️

Capital de Risco: é "coisa" de Mulher?

SIM, lugar de mulher é também no venture capital.

A presença feminina no mercado de venture capital vem crescendo de forma significativa nos últimos anos, quebrando barreiras e estereótipos em uma indústria tradicionalmente dominada por homens.

As mulheres cada dia mais estão provando que têm visão, competência e determinação para assumir posições de destaque, liderando grandes fundos de investimento e impulsionando a inovação em todos os setores do mercado.

É inspirador ver como elas estão moldando o futuro do capital de risco, trazendo novas perspectivas e abordagens para esse ecossistema, e imprimindo cada dia mais o que todo mundo sabe, as mulheres são incríveis em tudo que fazem.

Exatamente por isso acreditamos firmemente que lugar de mulher é onde ela quiser, e isso inclui o 1º lugar no pódio do venture capital.

Venture Capital das Mulheres: com o que lidamos hoje?

A REPRESENTATIVIDADE das mulheres no venture capital é preocupantemente baixa:

  • Elas compõem apenas 10-15% dos investidores globais de capital de risco e menos de 8% de todos os investidores institucionais.

  • Apenas 10% de todas as posições seniores em firmas de private equity e venture capital globalmente são ocupadas por mulheres.

    • Quase 70% das equipes seniores de investimento de VC são compostas exclusivamente por homens, enquanto apenas 15% têm equilíbrio de gênero (tendo entre 30-70% de mulheres em cargos de liderança).

    • Nos Estados Unidos, apenas 8% dos fundos de VC têm uma sócia, e menos de 5% têm mulheres em suas equipes executivas.

    • Menos de 5% das firmas de VC no Brasil têm mulheres em suas equipes executivas, sendo que menos de 3% tem uma mulher na liderança organizacional.

  • Esse desequilíbrio é ainda mais evidente entre os CEOs das empresas financiadas por VCs, onde apenas 2,7% são mulheres.

    • Em 2022, as startups lideradas por mulheres receberam apenas 1,9-2,1% do total de financiamento de venture capital.

    • A situação é ainda mais grave para mulheres pretas, que receberam apenas 0,39% do financiamento de VC no mesmo ano.

    • Em geral, fundadoras mulheres conseguem menos dinheiro e acordos piores comparados aos seus colegas homens.

    • Para se ter uma ideia, em 2017, 79% dos dólares de VC foram destinados a equipes fundadoras totalmente masculinas, enquanto apenas 2,2% foram para equipes totalmente femininas.

  • As mulheres integram menos de 15% do grupo dos tomadores de decisão em fundos de investimento e em empresas no venture track.

  • Além disso, 36% das mulheres que trabalham com tecnologia relataram que o assédio sexual é um problema em seus locais de trabalho.

Esses números refletem a necessidade urgente de maior inclusão e diversidade no setor.

O mundo avançou muito, temos aí a inteligência artificial revolucionando tudo que conhecemos, mas infelizmente as mulheres empreendedoras ainda - e, frequentemente - enfrentam muito preconceito de gênero ao tentar levantar capital para seus projetos.

Nas nossas pesquisas levantamos que investidores masculinos, muitas vezes, preferem investir em empreendedores homens, com quem se sentem mais confortáveis e identificados.

Como resultado, as mulheres precisam provar sua competência e habilidades muito mais do que os homens. E quando, apesar do preconceito, elas conseguem fazer seus pitchs, além de todas as questões que precisam responder sobre seus businesses, as mulheres têm que lidar com perguntas pessoais invasivas.

Em ambientes e culturas empresariais majoritariamente masculinos, a atenção à diversidade e inclusão costuma ser negligenciada, perpetuando-se um ciclo de exclusão.

Esse ambiente hostil desestimula muitas mulheres a buscarem investimentos e a seguirem suas carreiras empreendedoras e construir riqueza geracional.

O mesmo é verdade para as venture capitalists que buscam levantar dinheiro com investidores institucionais.

Logo, cria-se um ciclo vicioso de baixa representatividade feminina no ecossistema de VC:

Superar essas barreiras sistêmicas requer esforços abrangentes das empresas de tecnologia, líderes do setor e da sociedade como um todo, para criar ambientes mais equitativos e inclusivos onde as mulheres possam prosperar em suas carreiras tecnológicas.

A presença de mulheres em posições de decisão em firmas de venture capital tem um impacto bastante significativo na promoção da diversidade de gênero.

Firmas de VC com sócias são mais propensas a investir em startups lideradas por mulheres.

Investidoras e fundadoras de sucesso têm o poder de quebrar estereótipos e encorajar mais mulheres a seguirem carreiras em venture capital, criando um ciclo virtuoso de inclusão e inovação.

Por isso, temos que agradecer e nos inspirar nas desbravadoras mulheres que estão provando que o Venture Capital é sim “coisa" de mulher.

As VCs e Founders que constroem o futuro: 

Embora o número exato de fundos de VC liderados por mulheres no Brasil não seja claramente definido, por tudo que vimos fica evidente que eles são poucos.

Estima-se que haja menos de 10 desses fundos de VC em toda a América Latina até 2023.

Porém, já temos alguns exemplos dos fundos de VC e CVC liderados por mulheres notáveis no Brasil 🙌🏻:

  1. Maya Capital: Co-fundado por Lara Lemann, este fundo é um dos principais players no cenário de investimentos em startups no Brasil.

  2. Astella Investimentos: Co-fundado por Laura Constantini, focado em startups de tecnologia com alto potencial de crescimento.

  3. Mindset Ventures: Co-fundado por Camila Potenza, com foco em investimentos em empresas de tecnologia em estágio inicial.

  4. BASF Ventures: Gerido no Brasil por Karime Hajar Alves, é a divisão de venture capital da renomada corporação multinacional alemã de produtos químicos, a BASF.

Não é bem um fundo, mas não podiamos deixar de mencionar a Sororitê - a maior rede de investimento anjo feminina do Brasil, com um grupo de 80 investidoras, destacando-se como um exemplo importante de engajamento feminino no ecossistema de investimentos.

Do lado das fundadoras, a representividade de startups mistas (fundadas por homens e mulheres) no Brasil tem sido relativamente boa. Em 2019, essas equipes representaram 16% dos dólares de VC investidos na América Latina, um percentual maior do que nos EUA (9%) e na Europa (8%).

No entanto, as startups fundadas apenas por mulheres representaram apenas 4% dos negócios de VC na América Latina no mesmo ano, um número semelhante ao da Europa, mas inferior aos 8% dos EUA.

Alguns exemplos de startups lideradas por mulheres que conseguiram levantar capital de VC no Brasil incluem:

1. Feel: Uma startup de femtech brasileira que levantou uma rodada pré-seed de $190,000 em 2022, financiada por um grupo de investidores anjos exclusivamente femininos, tornando-se a startup com o maior número de investidoras mulheres no Brasil.

2. Theia: Outra femtech brasileira que levantou a maior rodada seed para uma empresa fundada exclusivamente por mulheres na América Latina em 2019, captando $1,7 milhão.

3. Nubank: Cofundado pela Cristina Junqueira, é um dos maiores exemplos de sucesso no cenário tecnológico da América Latina. O banco digital brasileiro alcançou uma avaliação de $10 bilhões em 2021, tornando-se um "decacórnio". Cris Junqueira, com sua liderança visionária, estabeleceu um exemplo poderoso para outras mulheres no ecossistema de startups do Brasil, mostrando que é possível alcançar marcos extraordinários em um setor tradicionalmente dominado por homens. Ainda, a Cris faz um trabalho constante de apoio e mentoria feminina, dando conselhos e apoio nas suas redes sociais (Obrigada Cris 🥰)

Seguindo uma tendência que já mencionamos em edições anteriores, o setor de fintech se descataca, mostrando uma representação relativamente alta de fundadoras mulheres no Brasil. Cerca de 35% das startups de fintech na América Latina têm uma cofundadora mulher, um número cinco vezes maior do que a média global de 7%.

O Caminho em frente

Caros leitores, estamos em um momento crucial para transformar o cenário de venture capital.

Para construir um futuro mais equitativo, precisamos de uma ação coletiva e intencional que promova a igualdade de representação, aproveite o potencial de talentos diversos e impulsione a inovação e o crescimento econômico.

Nós, além de advogadas, empreendedoras também somos mulheres, e acreditamos que a chave para um futuro mais justo está na representação e nas oportunidades iguais. Quando garantimos que todos, independentemente de gênero, tenham as mesmas oportunidades, estamos abrindo portas para um mundo mais inovador e economicamente próspero.

É imperativo que empresas e fundos de investimento reconheçam e aproveitem todo o potencial dos talentos diversos. Estudos mostram que equipes diversas são mais criativas e eficazes, resultando em crescimento econômico sustentável e inovação acelerada.

Para concretizar essa visão, precisamos agir agora. Apoiar negócios e fundos liderados por mulheres não é apenas uma questão de justiça, mas uma estratégia inteligente para fomentar inovação e crescimento.

Investir em empresas lideradas por mulheres e em fundos que priorizam a diversidade é crucial. Além disso, mentorar e patrocinar mulheres no venture capital cria uma rede de suporte essencial, ajudando-as a navegar e prosperar nesse setor tão competitivo.

Finalmente, devemos defender políticas e práticas inclusivas que eliminem barreiras sistêmicas e promovam um ambiente mais justo e acolhedor para todos.

A responsabilidade por essa mudança não recai sobre um grupo específico, mas sobre todos nós. A aliança e a parceria entre gêneros são fundamentais para criar um ecossistema de inovação robusto e inclusivo.

A colaboração entre todos os stakeholdersinvestidores, empreendedores, educadores e formuladores de políticas — é vital para a criação de um ambiente onde a diversidade possa prosperar. Nosso compromisso sustentado com a mudança a longo prazo garantirá que as próximas gerações possam desfrutar de um campo de jogo nivelado, onde talento e dedicação são os únicos fatores determinantes para o SUCESSO.

Ao unir esforços e adotar essas práticas, estamos pavimentando o caminho para um futuro onde todos têm a oportunidade de contribuir e prosperar. Juntos, podemos transformar o panorama do venture capital, criando um legado de equidade e inovação.

E você, vai se comprometer com a gente agindo hoje para um amanhã melhor e construído com a sua ajuda?

Vem com a gente nesse movimento que só tem data para começar e é agora!

Topa esse desafio?

Nos diga nos comentários!

TL;DR

Recomendações

Para você continuar "descobrindo“ o venture capital enquanto preparamos a próxima edição!

🤓 😎 😁

👉 2 recomendações da Pam e da Gi para sua semana:

📚 leitura do livro The Myth of the Nice Girl - Achieving a Career You Love Without Becoming a Person You Hate, de Fran Hauser;

🎥 assistir o filme: Amélie (2001), dirigido por Jean-Pierre Jeunet (o filme está disponível gratuitamente no Youtube)

Desejamos uma super semana para você! Vamos em frente 💥💥 

Até a próxima! 👋🏻👋🏻

Abraços,

Pam e Gi

Bibliografia:

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