O Panorama Tech em 2025: Alta Volatilidade traz Desafios e Oportunidades

O ano de 2025 desenha-se como um período de contrastes significativos no cenário tecnológico global e latino-americano.

Enquanto os gigantes da tecnologia continuam a bater recordes, o ecossistema de startups enfrenta desafios consideráveis e é exatamente por isso que nessa edição vamos explorar os cenários atuais, as principais tendências e o que elas significam para o futuro do setor do Venture Capital (“VC”).

Na edição de hoje você verá: (i) IA, Unicórnios, China e o futuro do VC; (ii) O Cenário Macroeconômico e o Ciclo do VC; (iii) O Reinado das BigTechs; (iv) O Caso DeepSeek; e (v) Estratégias para 2025 e Além.

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🦄 IA, Unicórnios, China e o futuro do VC

Em um cenário de profundas transformações, seis forças distintas estão remodelando o mercado de Venture Capital em 2025. Vamos analisar cada uma delas e entender seus impactos:

1. A Crise de Captação: Em 2024 testemunhamos o pior ano em volume captado por fundos de VC nos últimos sete anos.

   Este não é apenas um número alarmante, mas um sinal claro de transformação no mercado.

   Os investidores estão mais seletivos, os critérios mais rigorosos, e o capital mais escasso.

   Esta nova realidade está forçando uma readequação do mercado, onde apenas os fundos com tese clara e track record comprovado conseguem captar.

2. O Desafio da Série A: A "zona de arrebentação" da Série A nunca esteve tão desafiadora. As startups que antes conseguiam levantar com métricas iniciais agora enfrentam uma barra extraordinariamente alta.

   Aproximadamente 30% das rodadas de financiamento estão resultando em avaliações estáveis ou mais baixas.

   Os step-ups médios entre rodadas estão aumentando gradualmente, mas as empresas estão levando mais tempo entre financiamentos.

   A expectativa de redução nas taxas de juros do Brasil em 2025 pode induzir o crescimento dos preços e propiciar um certo equilíbrio entre os múltiplos de receita, impactando positivamente as avaliações de empresas privadas.

   Porém os investidores estão muito mais exigentes e querem ver:

• Receita recorrente consistente

• Crescimento sustentável

• Unit economics positivo

• Estratégia clara de expansão

• Time executivo completo

3. Pressão por Saídas: Antecipa-se um maior impulso nas aquisições apoiadas por venture capitalists, impulsionado pela urgência de gerar liquidez entre os investidores e pela convergência gradual das expectativas de preços entre fundadores e compradores.

   Nesse sentido, prevê-se um aumento moderado em IPOs e M&As.

   Um dado interessante é que 40% das unicórnios dos EUA são mantidas em carteiras por pelo menos 9 anos, representando mais de US$ 1 trilhão em valor potencial de saída. Espera-se que o mercado de IPOs de unicórnios se recupere, com cenários variando de 6 a 20 IPOs, potencialmente gerando entre US$ 20 bilhões e US$ 117,5 bilhões em valor de saída.

   O retorno do governo Trump à Casa Branca pode levar a uma direção política menos rigorosa e mais pró-negócios, potencialmente influenciando o ambiente de M&As e o mercado de VC como um todo. No entanto, as tarifas propostas sobre produtos importados podem gerar incertezas e impactar negativamente o mercado brasileiro.

4. A Nova Dinâmica Seed vs. Pre-Seed: Observamos uma clara preferência dos investidores por rodadas Seed em detrimento das Pre-Seed. Esta mudança reflete uma aversão crescente ao risco e uma busca por startups que já demonstrem:

• Produto validado no mercado

• Base inicial de clientes

• Primeiros sinais de receita

• Modelo de negócio testado

5. O Comportamento do Capital Estrangeiro: O interesse dos investidores internacionais continua, mas de forma altamente seletiva.

   O foco está principalmente em:

• Teses de IA Vertical

• Startups com potencial de escala global

• Soluções B2B enterprise

• Empresas com clara vantagem competitiva regional

6. O Dilema da IA: O hype da Inteligência Artificial criou um cenário complexo onde distinguir promessas vazias de valor real tornou-se um desafio crítico. Pontos de atenção:

• Startups usando IA como buzzword vs. aplicação real

• Necessidade de validação técnica profunda

• Importância de casos de uso concretos

• Avaliação do impacto real no negócio

7. A Guerra Tech EUA-China: A posse de Donald Trump faz com que tema retome posição de destaque na agenda global. O conflito tecnológico entre as duas maiores potências mundiais está redefinindo o cenário de inovação, investimentos e comércio exterior. Isto, sem contar com as recentes notícias sobre a startup chinesa DeepSeek que teria desbancado as gigantes de AI norte-americanas e causou um derretimento dos últimos 2 meses de altas das bolsas nos EUA. Impactos diretos da guerra EUA-China:

• Restrições em investimentos cross-border

• Novo mapa global de cadeias de suprimento tech

• Oportunidades para mercados neutros

• Corrida por autonomia tecnológica

Nossa Visão de Futuro

Este cenário complexo não significa necessariamente um mercado menos atrativo, mas sim um mercado que exige maior sofisticação dos players nacionais.

As oportunidades existem, mas demandam:

• Due diligence mais rigorosa

• Teses de investimento mais robustas

• Maior foco em fundamentos do negócio

• Estratégias claras de geração de valor

Para empreendedores e investidores, 2025 será um ano de adaptação.

O sucesso dependerá da capacidade de navegar estas 7 forças transformadoras com inteligência estratégica e execução disciplinada.

O Cenário Macro Econômico e o Ciclo do VC

Segundo dados do Pitchbook nos EUA (gráfico acima), no período entre 2016 e 2020, a relação média entre a demanda e a oferta de capital no mercado de VC (a qual reflete o equilíbrio entre o capital oferecido pelos investidores e o capital buscado pelas startups) foi de 1,2x para empresas em estágio avançado e 1,4x para aquelas em estágio de crescimento (sendo que 1x seria o ponto de equilíbrio perfeito).

Isso significa que, consistentemente, a demanda por capital das startups superava a oferta disponibilizada pelos investidores.

Mas, para empresas mais avançadas, a oferta geralmente ultrapassava a oferta devido à sua proximidade com os mercados públicos e possibilidade de saídas mais rápidas.

Em 2023, a relação demanda-oferta atingiu um pico de 3,5x, demonstrando um grande desequilíbrio: apenas US$ 1 milhão estava disponível para cada US$ 3,5 milhões demandados.

Esse índice revela a natureza cíclica do mercado de VC. Durante o boom de 2020-2021, com juros baixos e um aumento de investidores não tradicionais, houve uma abundância de capital, reduzindo o índice para 0,6x no 4º trimestre de 2021.

No entanto, mudanças macroeconômicas, como aumento das taxas de juros e inflação, afastaram esses investidores, revertendo o cenário.

Em 2023, a seletividade dos investidores e a escassez de capital elevaram o índice para 3,5x. Startups maduras, que captaram grandes rodadas em 2020-2021, enfrentaram dificuldades para levantar novos recursos em avaliações similares.

O congelamento do mercado de saídas agravou a situação, mantendo muitas empresas no privado. Enquanto startups mais resilientes conseguiram captar novos investimentos, outras enfrentaram crescente pressão financeira.

O resultado desse ciclo foi o ano de 2024 sendo eleito como o pior ano em volume captado por fundos de VC nos últimos sete anos.

O que torna provável que em 2025 as rodadas de financiamento planas ou em queda continuem ocorrendo em níveis mais altos do que o mercado tradicionalmente espera. Muitas empresas podem acabar encerrando suas atividades ou saindo do ciclo de captação de investimentos de risco. No entanto, essas previsões já estavam presentes desde meados de 2021 (o “ano de ouro” para o capital de risco).

Porém, podemos ver fatores que sustentariam um cenário diverso, especialmente pois a economia das terras do Tio Sam no começo 2025 mostrou bastante movimentação.

O corte de juros realizado pelo Federal Reserve (“Fed”) em setembro/2024 está abrindo um novo caminho.

Se a inflação continuar controlada e houver espaço para mais cortes, os mercados podem reagir de forma positiva, aumentando o interesse por investimentos de risco nos mercados públicos e atraindo os VCs de volta para o Brasil e outros mercados emergentes - vistos como uma grande oportunidade.

O Reinado das BigTechs

Em dezembro de 2024, vimos que o índice Nasdaq atingiu seu maior patamar histórico, impulsionado principalmente pelas gigantes tecnológicas Nvidia, Apple, Meta, Amazon, Google, Microsoft e Tesla (as “Magníficas 7”).

Porém, esse sucesso das Magníficas 7 esconde uma realidade mais desafiadora.

Enquanto essas empresas prosperam e definem o mercado da tecnologia, muitas empresas menores de software viram seu valor de mercado cair pela metade desde 2021.

O que aconteceu é que em geral, os indicadores econômicos se bifurcam da confiança do consumidor, que tem sido baixa e ainda não se recuperou das máximas do COVID-19 e fez com que o VC marchasse em seu próprio ritmo, no entanto a IA impulsionou o interesse de Wall Street.

Os negócios (exceto AI) em estágio avançado e de crescimento ficaram para trás nos últimos anos devido à falta de capital de investidor fluindo para o VC.

Essas empresas sentiram a dor da falta de liquidez, mas existem muitas oportunidades de investimento em empresas que aguardam o IPO, e um aumento nas listagens também deve afrouxar o controle sobre esse capital de risco dos investidores.

Tal discrepância mostra que, apesar do otimismo em alguns setores, o mercado como um todo ainda enfrentará desafios significativos em 2025. Tal visão está sendo corroborada nos últimas dias com o caso da DeepSeek.

O Caso DeepSeek

O caso DeepSeek não é apenas mais uma história de inovação tecnológica - é um capítulo crucial na narrativa da competição tecnológica entre Estados Unidos e China, que está remodelando o cenário global de investimentos.

A DeepSeek, uma startup chinesa com aproximadamente 200 funcionários, anunciou ter desenvolvido um modelo de IA que supera o ChatGPT em diversos testes por uma fração do custo (supostamente menos de $6 milhões), e o mercado reagiu com muita volatilidade, uma mistura de ceticismo e apreensão.

A queda de mais de 10% nas ações da Nvidia simbolizou o nervosismo dos investidores, mas também revelou uma compreensão superficial da dinâmica real do mercado de IA.

A questão central não é apenas se a DeepSeek realmente conseguiu este feito com tão pouco investimento. O ponto crucial é que este evento expõe várias camadas de complexidade no mercado global de tecnologia:

1. A Guerra Silenciosa da IA: O desenvolvimento tecnológico não segue mais um caminho linear do Vale do Silício para o mundo. A China emergiu como um competidor formidável, com uma abordagem única que combina:

• Forte apoio estatal à inovação

• Acesso a volumes massivos de dados

• Ecossistema tecnológico próprio e robusto

• Capacidade de desenvolvimento acelerado

• Infraestrutura pronta para escalar

2. A Questão da Credibilidade: O mercado global ainda lida com um dilema fundamental: como validar afirmações vindas de um ambiente onde a transparência nem sempre é garantida?

   Isso cria um paradoxo interessante:

• Claims extraordinários requerem evidências extraordinárias

• O mercado precisa equilibrar ceticismo saudável com reconhecimento da capacidade chinesa

• A necessidade de novos frameworks para avaliar inovações cross-border

• Democratização das ferramentas de IA

• Aumento no uso global de infraestrutura computacional

• Novas oportunidades em mercados emergentes

Uma Nova Perspectiva sobre Valor

Este caso nos força a repensar como avaliamos empresas de tecnologia. O valor real não está necessariamente no desenvolvimento de modelos base, mas em como a tecnologia é aplicada para resolver problemas reais. Três aspectos merecem atenção especial:

1. A Falácia do Capital Investido

• O sucesso em IA não é diretamente proporcional ao investimento

• Inovação pode vir de estruturas lean e eficientes

• A vantagem competitiva pode estar na execução, não no orçamento

O caso DeepSeek desafia a noção de que grandes avanços em IA e (no desenvolvimento de tecnologia em geral) necessariamente requerem investimentos bilionários.

Com apenas $6 milhões, uma equipe enxuta conseguiu desenvolver um modelo competitivo, sugerindo que eficiência, foco e expertise podem superar músculo financeiro.

Este fenômeno lembra o início da internet, quando startups ágeis frequentemente superavam incumbentes com recursos abundantes.

2. O Valor dos Use Cases

• Empresas que utilizam IA efetivamente podem ser melhores investimentos

• Foco em métricas de eficiência operacional

• Avaliação de impacto real nos negócios

O verdadeiro valor da inovação tecnológica não está no desenvolvimento de novas tecnologias per se, mas em como elas são usada para resolverem problemas reais.

3. A Oportunidade dos Mercados Emergentes

• Novos modelos de negócio baseados em IA

• Adaptação local de tecnologias globais

Mercados em desenvolvimento têm a vantagem única de poder "pular etapas" (leapfrogging) e implementar soluções de última geração sem o peso de infraestruturas legadas.

O Brasil demonstrou isso no setor bancário: enquanto bancos tradicionais em mercados desenvolvidos lutavam com sistemas legados, fintechs brasileiras construíram infraestruturas digitais nativas, criando soluções inovadoras que hoje são referência global.

Esta dinâmica se repete em setores como agtech, healthtech e logística, onde desafios locais únicos estimulam inovações que podem ser exportadas para outros mercados.

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Estratégias para 2025 e Além

Para investidores e empreendedores, o caso DeepSeek oferece lições valiosas sobre o futuro do mercado de tecnologia:

1. A competição global em IA será mais distribuída e complexa que o esperado

2. Valor e investimento não têm necessariamente uma relação linear

3. Mercados emergentes podem ser fonte de inovações disruptivas

4. A capacidade de execução e aplicação será tão importante quanto a tecnologia em si

Em um mundo onde a inovação pode vir de qualquer lugar, a chave para o sucesso está em manter uma mente aberta e uma análise rigorosa, equilibrando o entusiasmo pela inovação com uma avaliação realista dos fundamentos, demandando uma abordagem mais sofisticada:

1. Due Diligence Aprofundada

• Avaliação não apenas da tecnologia, mas também de implicações de segurança

• Análise de riscos geopolíticos

• Consideração de aspectos regulatórios

2. Estratégias de Mitigação

• Diversificação de fornecedores tecnológicos

• Desenvolvimento de capacidades próprias

• Investimento em segurança e compliance

3. Novas Oportunidades

• Desenvolvimento de soluções de segurança para IA

• Criação de frameworks de avaliação

• Mercado para soluções de verificação e validação

Em um mundo onde a tecnologia e a geopolítica estão cada vez mais entrelaçadas, o sucesso dependerá da capacidade de equilibrar inovação com segurança, crescimento com prudência, e competição com colaboração responsável.

E como você vê o mercado de AI em 2025?

 Compartilhe sua visão nos comentários! Sua experiência pode ajudar outros empreendedores que enfrentam dilemas similares.

Entender esses detalhes técnicos é crucial para quem atua na área jurídica, principalmente em transações de M&A e Venture Capital. É por isso que repetimos: conte com a gente para sermos o seu Ás (♦) na manga! 😉😉

Desejamos uma super semana para você! Vamos em frente 💥💥 

TL;DR

• 📉 2024 foi o pior ano em captação para VCs em 7 anos, com índice de demanda/oferta de 3.5x (cada $1M disponível para $3.5M demandados), sinalizando um mercado altamente seletivo em 2025

• 🎯 Investidores estão priorizando Seed sobre Pre-seed e elevando significativamente a barra para Série A, exigindo métricas robustas como unit economics positivo e crescimento sustentável

• 🌍 A guerra tech EUA-China ganhou novo capítulo com o caso DeepSeek, que causou queda de 10% na Nvidia e levantou questões sobre o real custo/valor da inovação em IA

• 💡 O valor real em IA pode estar mais no uso efetivo da tecnologia do que no desenvolvimento de modelos base, com foco crescente em aplicações práticas e resultados mensuráveis

• 🚀 Perspectivas para 2025 incluem possível recuperação do mercado de IPOs (6-20 previstos), com potencial de $20-117.5B em valor de saída, especialmente se a inflação continuar controlada e os juros em queda

Recomendações

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